Ser Adulto...

Quem não conhece “O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry???
Ainda se lembram de tudo?
Gostava que meditassem sobre estes trechos do livro que aqui vou colocar.

“... O que é que “estar preso” quer dizer?
- É uma coisa que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criam laços com alguém.
- Laços?
- Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo...”

A nossa escolha deveria sempre ser feita pela criança interior que existe dentro de cada um de nós. Mas a maior parte dos adultos decidiu que na vida temos que nos portar como adultos.
E o que é ser adulto?

“... Então, não me punha a falar de jibóias, de florestas virgens ou de estrelas. Punha-me era ao seu nível. Falava de bridge, de golfe, de política e de gravatas. E a pessoa grande lá ficava toda contente por ter conhecido um homem com tanto juízo.”...

Por isso gosto tanto de estar quase sempre sozinha, sem ninguém a falar a sério à minha volta, com conversas sérias, sobre as coisas sérias da vida de quem é sério.
Por isso é tão bom ter alguém ao nosso lado, que, como nós, fala com os cães no meio da natureza, e lhes conta histórias (aos cães) dos animais que viviam numa quinta e eram felizes.
Para uma pessoa séria, nós os não sérios só poderíamos estar loucos.

Outra parte do livro que me diz muito é esta:

“...- Só conhecemos as coisas que prendemos a nós – disse a raposa. – Os homens, agora, já não têm tempo para conhecer nada. Compram as coisas já feitas nos vendedores. Mas como não há vendedores de amigos, os homens já não têm amigos. Se queres um amigo, prende-me a ti!
- E o que é que preciso fazer? – pergunta o principezinho.
- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...”

Tão inteligente esta raposa... Vê-se que não raciocina como um “adulto sério”.
Pensemos sobre estes diálogos entre a raposa e o principezinho... São de extrema simplicidade e se todos agíssemos como a raposa e o principezinho havia tanta harmonia no Universo.
Agora uma parte que eu, que adoro rituais, li e reli:

“... – Era melhor teres vindo à mesma hora – disse a raposa. – Se vieres, por exemplo, às quatro horas, às três, já eu começo a ser feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sentirei. Às quatro em ponto hei-de estar toda agitada e inquieta: é o preço da felicidade! Mas se chegares a uma hora qualquer, eu nunca saberei a que horas é que hei-de começar a arranjar o meu coração, a vesti-lo, a pô-lo bonito... São precisos rituais.”...

Sem mais comentários.

Até à próxima.
Namastê
Sandra